Bom, mas agora o assunto é um pouco mais, digamos, complexo. Corre a boca miúda no mercado de BH que as empresas de ônibus não admitem mais anúncios de motocicletas em suas frotas.
Ponto 1: com que autoridade as empresas vetam ou não o que se anuncia, se elas são empresas que possuem concessão do estado para efetuarem transporte público e portanto são prestadoras de serviço público?
Ponto 2: Elas são empresas de TRANSPORTE público e não de exploração publicitária, que neste quesito é outorgado a elas uma licença para veicular publicidade e que nesse caso, fazem parte de uma cadeia produtiva que também fazem parte o anunciante, a agência de publicidade, produtoras e exibidoras (no caso empresas de ônibus).
Essa celeuma, segundo consta, começou quando uma concessionária de motos de BH veiculou anúncio onde afirmava que a prestação de uma motocicleta era mais barata que o valor mensal da passagem de ônibus. E é mesmo. Qual o problema? o que tem de depreciativo nisso? Usar argumentos comerciais na publicidade de varejo é mais do que normal.
A partir deste epcisódio as empresas de ônibus se recusam a veicular material anunciando motos. Quando elas assumem esse papel elas estão legislando em benefício próprio num assunto que não é o objeto principal de sua existência: o transporte público. Se existe algum material de publicidade que denigre alguém ou alguma coisa existe o CONAR para interceder. Porque não acionar o orgão para discutir o assunto? Decretar que não pode e acabou não é a maneira mais justa e democrática para resolver este assunto.
Para colocar mais pimenta nesse assunto - que já vem de longa data - está sendo veiculada atualmente uma campanha da BHTrans nos ônibus de BH que afirma que os acidentes de motos cresceram XX% nos últimos anos. Verdade, a considerar a quantidade de motos que entraram em circulação é provável que o número de acidentes tenham aumentado e isso merece uma campanha para alertar as pessoas e diminuir os acidentes.
Mas o que chama a atenção neste caso é o fato de que as empresas de ônibus se negam a veicular campanhas de motos e suas concessionárias mas abrem espaço para campanha onde aponta a motocicleta como agente principal em acidentes de trânsito.
Acho o seguinte: se o mercado é regulado e opera na legalidade, todos os anunciantes devem ter assegurados o seu direito de anunciar em todas as mídias regulares. Se existe algum material irregular sendo veiculado o CONAR deve ser chamado e se for o caso o material de ser retirado do ar.
O que não se pode admitir é censura prévia de material, principalmente motivada por interesses particulares por empresas de ônibus que prestam serviços públicos de transporte e não de publicidade através de concessão dada pelo estado.
Esse feudos precisam acabar.
Atualizando:
A bem da verdade, cometi um engano ao afirmar que a campanha acima era da BHTrans. Não é. É da Astromig - Associação Gestora de Benifícios Socias dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário, ou seja, é uma entidade ligada de alguma forma às empresas que fazem o transporte público de BH e Região Metropolitana. É explícito a tentativa de atribuir o crescimento do número de acidentes ao meio motocicleta. Poderiam aproveitar a oportunidade para fazerem uma campanha de educação no trânsito para os condutores de motos por exemplo , ao invés de atribuir ao veículo toda a responsabilidade dos acidentes. Abaixo vejam foto que tirei (tentei pelo menos) da campanha na traseira de ônibus.